Toma as espadas rútilas, guerreiro,
E á rutilância das espadas, toma
A adaga de aço, o gládio de aço, e doma
Meu coração – estranho carniceiro!
E á rutilância das espadas, toma
A adaga de aço, o gládio de aço, e doma
Meu coração – estranho carniceiro!
Não podes?! Chama então presto o primeiro
E o mais possante gladiador de Roma.
E qual mais pronto, e qual mais presto assoma,
Nenhum pôde domar o prisioneiro.
E o mais possante gladiador de Roma.
E qual mais pronto, e qual mais presto assoma,
Nenhum pôde domar o prisioneiro.
Meu coração triunfava nas arenas.
Veio depois de um domador de hienas
E outro mais, e, por fim, veio um atleta,
Veio depois de um domador de hienas
E outro mais, e, por fim, veio um atleta,
Vieram todos, por fim; ao todo, uns cem…
E não pude domá-lo, enfim, ninguém,
Que ninguém doma um coração de poeta!
E não pude domá-lo, enfim, ninguém,
Que ninguém doma um coração de poeta!
Augusto do Anjos (Eu e outras poesias, L&PM Pocket, p.86)
O paraibano Augusto dos Anjos (1844-1914) foi ignorado pela crítica do começo do século XX. Se alguma exceção se abriu , foi para reputá-lo como autor de versos estapafúrdios e aberrantes.
ResponderExcluirNas décadas seguintes acabou reconhecido como um dos mais admirados a originais poetas brasileiros.
Augusto dos Anjos é, certamente, o precursor da moderna poesia brasileira, poesia esta que daria seu voo somente em 1922, na célebre Semana de Arte Moderna.