sexta-feira, dezembro 27, 2013

Sugestão de Leitura: Oscar Wilde - Biografia



Acabei de ler e recomendo a biografia do genial escritor irlandês Oscar Wilde, expoente da literatura inglesa do período vitoriano, um ser completamente ávido por transgressão, paradigma vivo da insondável profundeza da alma, escrita por Daniel Salvatore Schiffer, tradução de Joana Canêdo, pela editora L&PM POCKET.

Oscar Wilde viveu 46 anos para o prazer. Conheceu a glória e a decadência, a riqueza e a pobreza. Gênio precoce, primeiro da classe no ensino fundamental e médio, primeiro da classe em Oxford, poliglota, orador brilhante, poeta e dramaturgo de sucesso. Oscar era um mestre em criar frases requintadas de cinismo, ironia e sarcasmo.

Seu único romance "O Retrato de Doryan Gray" (1890), é uma obra sublime sobre a corrupção da alma. Dândi por excelência, seus cabelos escuros divididos ao meio, o paletó de veludo, a bengala e os sapatos de verniz se tornaram sua marca registrada. Oscar Wilde é o autor do famoso poema "A Balada do Cárcere de Reading".

Arguto observador e crítico da burguesia vitoriana, lapidou alguns dos mais espirituosos aforismos da língua inglesa. A condenação por atentado ao pudor foi um golpe em sua vida. os dois anos de trabalhos forçados passados na prisão, que deram origem a "De profundis", arrasaram sua saúde. Falido, repelido pela mulher e por Bosie, seu amante, Wilde sucumbiu. Só lhe restou a glória literária.

Assim, em 30 de novembro de 1900, o genial e extravagante Oscar Wilde, um dos maiores escritores do século XIX, senão de toda a história da literatura mundial, morreu aos 46 anos, em meio aos piores sofrimentos, na miséria absoluta, num quartinho decrépito e gelado de um sórdido hotel parisiense.

quinta-feira, dezembro 12, 2013

Poesia em Prosa: A Garota e o Tempo



Os sentimentos de tempo precisam
Precisam de tempo para acontecer?
Porque os sentimentos não nos avisam
Chegam assim, sem amadurecer?
Sentimento é fruto verde, é fruto proibido
Incontestável chama da nossa libido.

A admiração por uma pessoa não precisa
De um cronômetro, relógio que avisa
A hora ideal para acontecer
Chega, nasce, só faz crescer
É um querer que invade e arrebata
É um encanto, é uma sede abstrata
É dar sem precisar receber

O desejo por uma mulher
Aquela que se sonha e se quer
Precisa de tempo para eclodir?
Não sabes que desejo entra sem pedir
Entra como uma onda marota
No teu coração de garota
Não espera nem noite, nem dia
É transmissão de pensamento é sintonia

A felicidade precisa de um dia certo?
Se quem você quer não está perto
Porque tem que ser assim?
Você é perfeita perfeita para mim
Com esse teu cheiro de gente
Que luta, que diz o que sente
Gente que sente o que diz
Não há dia para ser feliz.


Raimundo Freire





sábado, dezembro 07, 2013

Poesia em Prosa: Entre Gaivotas, Corujas e Gaiolas




Dizem que os olhos são espelhos da alma
Os teus, são o reflexo da minha alma
Neles eu me encontrei e te achei
Vi a ternura que andava em mim escondida
Vi a alegria de menino, incontida
Vi a meiguice brejeira da carioca
Com esse olhar que muito provoca
Vi o doce sorriso da encantadora natalense
Vi a  dança faceira da maranhense

Gaivotas, corujas, gaiolas opressoras
Tatuagens significativas, libertadoras
Um conjunto que tem sido inspiração
Revelando a grandeza do seu coração
Uma mulher que ainda se diz comum
Merece respeito, não é pra qualquer um.

Olhos esmeraldinos encantadores
Como os verdes mares cearenses
Olhos que escondem muitas dores
De equivocados, precoces amores
Lágrimas de mãe, lágrimas de tristeza
Nem as dores escondem a tua beleza
De rainha do meu idílico castelo
Que pra te esperar se fez belo

E nesse verde mar dos teus olhos
Emoldurado pela beleza inconteste
Do teu sorriso de mulher do agreste
Boquiaberto, em silêncio, contemplei
Tomado de emoção, então chorei
Segurei tua mão, conte comigo
No meu peito só restará teu abrigo.


Raimundo Freire.








quinta-feira, novembro 21, 2013

O Amor Que Não Ousa Dizer Seu Nome (Soneto XXXII)



“O Amor que não ousa dizer seu nome”
Bateu-lhe à porta ao acaso, um dia.
E ele, inebriado pela cotovia
(que paira à janela, mas depois some...),

sentiu crescer, súbito, na alma, uma fome
de algo que, até então, desconhecia.
Desejo... estranheza... culpa... agonia...!
Desce aos umbrais, na angústia que o consome.

...porém, depois das lágrimas enxutas,
chamou a cotovia, deu-lhe frutas,
e sorveram, um no outro, a própria essência.

E ambos, nessa atração de semelhantes,
Num cingir de músculos, os amantes
Ergueram-se aos portais da transcendência.



Oscar Wilde

quinta-feira, novembro 14, 2013

Poesia em Soneto: Vencedor - Augusto dos Anjos (1844-1914)



Toma as espadas rútilas, guerreiro,
E á rutilância das espadas, toma
A adaga de aço, o gládio de aço, e doma
Meu coração – estranho carniceiro!
Não podes?! Chama então presto o primeiro
E o mais possante gladiador de Roma.
E qual mais pronto, e qual mais presto assoma,
Nenhum pôde domar o prisioneiro.
Meu coração triunfava nas arenas.
Veio depois de um domador de hienas
E outro mais, e, por fim, veio um atleta,
Vieram todos, por fim; ao todo, uns cem…
E não pude domá-lo, enfim, ninguém,
Que ninguém doma um coração de poeta!


Augusto do Anjos (Eu e outras poesias, L&PM Pocket, p.86)

segunda-feira, novembro 04, 2013

Sugestão de Leitura - O Retrato de Doryan Gray - Oscar Wilde



Acabei de reler o único romance do genial escritor irlandês Oscar Fingall O'Flahertie Wills Wilde, mais conhecido como Oscar Wilde, sua obra prima O Retrato de Dorian Gray.

Dorian Gray era um um jovem londrino de rara beleza, um verdadeiro Deus Grego na acepção da palavra, tanto que serviu de modelo para que o talentoso pintor, e apaixonado por Dorian, Basil Hallward, o pintasse em uma tela extraordinária que, de tão perfeita, levou o próprio Gray a se apaixonar pela própria pintura.

Influenciado por Henry Wotton, um crítico social da era vitoriana, aristocrata cínico e defensor do hedonismo, o até então ingênuo Dorian Gray começa a levar uma vida dupla de prazeres homo e heterossexuais pelo guetos e pela High Society londrina.

O raposa velha do Henry Wotton deturpa tanto a mente de Dorian que este trata com desdém até o suicídio de Sibyl Vane, o primeiro grande amor de Dorian, uma jovem atriz que interpretava personagens shakespeareanos em um teatro de terceira categoria.

Com o passar dos anos Dorian permanece jovem, enquanto o seu retrato envelhece, fica enrugado e mostra todos os sinais dos pecados e da vida dissoluta de Dorian. Todas as mágoas, as dores, as contrariedades, os crimes de Dorian são retratados pelo seu quadro que fica escondido no sótão de sua mansão, para que ninguém descubra seu segredo: o retrato captou e reflete sua alma.

O retrato de Dorian Gray é uma obra-prima que reflete o brilhante frasista que Oscar Wilde era e sua completa aversão às convenções sociais da Inglaterra do século XIX. Embora seja um retrato da decadência moral, é uma enredo profundamente filosófico que nos leva a refletir sobres os porquês da vida. 

Recomendo que leiam cada parágrafo com atenção, pois não é uma leitura fácil; é um texto cheio de argumentos e tem que ser digerido com calma para não se perder o foco no enredo.


Raimundo Freire.

sexta-feira, novembro 01, 2013

Crônica: Você Está Namorando?




Uma amiga minha, obviamente sem nenhum interesse, me veio com essa pergunta assaz perturbadora: você está namorando? A resposta foi automática e indubitável: sempre! Sim porque invariavelmente associamos a palavra namorar com o relacionamento entre duas pessoas, no sentido de cortejar, de arrastar a asa por alguém, mas nem sempre é assim!

Existe um algo mais que transcende o simples ator de cortejar, falo do enamorar-se, enamorar-se no sentido amplo, de apaixonar-se, encantar-se por algo, ou por alguém. Veja bem, eu disse "algo", isso implica que podemos nos encantar por objetos ou coisas, não necessariamente  por pessoa. Talvez por isso haja tanta confusão e tem gente que se apaixona por coisas e não por pessoas, ou o que é pior, apaixona-se pelas coisas que a pessoa tem..

Sou obrigado a confessar que sou um enamorado convicto, de carteirinha mesmo, sou enamorado pela vida, pelo milagre de estar vivo, respirando os doces aromas que a vida oferece, com saúde para trabalhar, pelo dom de poder falar com meus amigos, pela alegria de fazer caminhadas na praia, pela magia de mergulhar nos meus livros, pelo impagável prazer de ver a alegria no sorriso de meus filhos, ou no sorriso dos meus pais, no abraço de um velho amigo.

Então sim, eu namoro, namoro sempre, namoro o por do sol, namoro a poesia, namoro escrever, namoro aguar o meu jardim, namoro o cheirinho bom do meu carro, namoro o cheirinho de livro novo, namoro a minha casa limpinha, namoro a chuva, namoro o por do sol, namoro o canto dos pássaros, namoro o time do meu coração, namoro sempre, namoro até a minha namorada, porque sem abraços, sem beijos, sem sorrisos, a vida não teria a menor graça.

Só não aconselho que você namore sem antes enamorar-se. Não seja um dileto praticante da filofobia. Quando se toca o corpo antes de tocar a alma nasce a ilusão e quem acredita em ilusões tem que se acostumar a conviver com a dor da solidão. O corpo que você namora vai envelhecer, vai murchar; mas a alma, o caráter, a gentileza e o carinho da pessoa que você se encanta, se apaixona, se enamora, isso sim, você vai levar para toda a eternidade.

Namore, mas antes enamore-se. Enamore-se, mas antes enamore-se por si mesmo. Seja feliz com a própria vida, com as próprias pernas, com ou sem namorado(a), seja feliz. Pois, namoro nem sempre é sinal de felicidade, ao contrário, pode ser sinal de muita dor de cabeça. Afinal, Você namoraria a alguém que não namoraria a si mesmo(a)?



Raimundo Freire.



sexta-feira, outubro 18, 2013

Poema: Canção



Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar
Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.
O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio…
Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.
Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.

Cecília Meireles

terça-feira, outubro 15, 2013

Poesia-Música: Esperando Aviões




Meus olhos te viram triste
Olhando pro infinito
Tentando ouvir o som do próprio grito
E o louco que ainda me resta
Só que te levar pra festa
Você me amou de um jeito tão aflito
Que eu queria poder te dizer sem palavras
Eu queria poder te cantar sem canções
Eu queria viver morrendo em tua teia
Seu sangue correndo em minha veia
Seu cheiro morando em meus pulmões
Cada dia que passo sem sua presença
Sou um presidiário cumprindo sentença
Sou um velho diário perdido na areia
Esperando que você me leia
Sou pista vazia esperando aviões
Sou o lamento no canto da sereia
Esperando o naufrágio das embarcações.


Vander Lee

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sexta-feira, outubro 11, 2013

Crônica: Quem Ama, Aduba, Rega e Poda



Já dizia o ditado popular que a ingratidão tira a afeição. Não a ingratidão do não amar, pois não seria amor, mas a ingratidão que se expressa nas pequenas contrariedades na já conturbada batalha que é o convívio diário entre duas pessoas, debaixo do mesmo teto, naquela velha rotina que vai corroendo os alicerces de um relacionamento a dois.

São pequenas coisas, pequenos gestos não muito bem recebidos que vão se acumulando, acumulando e logo, logo, se não resolvidos, digeridos, conversados, vão desaguar numa torrente de reclamações e acusações mútuas sobre quem deveria fazer o que e quando e de quem é a culpa de a relação ter se desgastado.

Misture a isso o orgulho besta de não querer dar o braço a torcer, mesmo sabendo-se estar com a razão. Então fica cada um na sua trincheira protegendo-se dos dardos de acusação e lançando, por sua vez, os petardos de reclamação na direção da testa do outro e, assim, estabelece-se a guerra, retira-se a paz, entra em campo o desgosto, o arrependimento, os gestos frios, a vontade de não ouvir nem a voz, a vontade de sumir, a vontade de não voltar pra casa.

Sabe o que é aquela vontade de não voltar pra casa? ficar um pouco mais no serviço, só pra não ter que encarar aquele clima hostil? Você trabalha o dia inteiro, chega em casa cansado, stressado, tudo o que você mais queria era ser bem recebido, ter paz e tranquilidade. Se você não tem isso, então se pergunta, voltar pra que? melhor ficar no trabalho, que também é uma guerra, mas pelo menos as combatentes do trabalho não vão pra cama com você, em tese.

Os que, como eu, são privilegiados pela excelente terapia da jardinagem, vão entender muito bem. Não basta conseguir um belo jardim, é preciso cuidá-lo, dedicar-se a ele diariamente. No amor a analogia é inevitável, é necessário adubar a terra do nosso relacionamento com os fertilizantes da atenção e do carinho. É imprescindível regar esse relacionamento com a água cristalina do respeito, da dedicação; É preciso podar as arestas da falta de diálogo, das pequenas indelicadezas que machucam. É importante combater as ervas daninhas da falta de sexo, da falta de ajuda na hora de pagar as contas; É preciso acima de tudo saber ouvir o outro, ficar em silêncio quando sentir vontade e respeitar o silêncio do outro. Uma boa parte das verdades não são ditas, estão escritas no olho de quem está calado.

Já dizia o poeta, cuide bem do seu amor, seja quem for. Porque se você não cuidar desse jardim que é o seu relacionamento, as flores vão murchar, os (as) parasitas vão se aproximar, a grama vai secar e logo, logo você não mais achará graça naquele jardim outrora tão florido.

Quem ama, aduba rega e poda... ou começa a plantar outro jardim!


Raimundo Freire.




segunda-feira, outubro 07, 2013

Poesia-Prosa: Por Um Átimo de Tempo


  • Por um átimo, sonhei que estavas aqui, em mim
    Transitando nos saberes dos meus quereres
    Entrando e saindo elegantemente nos meus espaços
    Inundando minhas taças, saciando minha sede de ti
    Entranhando minha pele com as nuances do teu cheiro
    Medindo minha pressão com tua mão vibrante
    Por um átimo, tornas-te eterna 
    Quanto eterno é o beijo que me destes
    Beijo que escorreu pelo meu corpo
    Como onda gostosa que beija a sedenta areia da praia
    Como dias que são segundos no relógio dos enamorados
    Que se vão e passeiam pelas veredas da eternidade
    Como plumas ao vento quando estou com você
    Minutos que embalam o tic-tac do meu coração
    Que se exaurem, que correm, que fogem
    Fogem como foge minha respiração ao te ver
    Minutos amadureçam,transformem-se em séculos
    Posto que estou ao lado de ti, minha inspiração
    E nessa contagem incontida do incontável tempo
    Não passa o tempo de querer você
    Sem atraso, mas sem pressa
    Flor da minha juventude que eu guardei pra você
    No jardim das minhas ilusões
    Todas as flores que plantei nasceram por ti
    E por um átimo de eternidade serás minha, serei teu
    Por um átimo de tempo, aqui dentro
    Esse amor aconteceu.



    Raimundo Freire

sexta-feira, outubro 04, 2013

Poesia-Prosa: Paparazzi da Minha Alma



Já tivestes o privilégio de ser encontrado
Quando buscavam Cora Coralina?
Já agradeceu mil vezes, emocionado
Ao Google por esta doce sina?
Mulher que aprendeu a ser forte
Até parece que é aqui do norte
Mulher que enfrenta os problemas de frente
Mulher nobre, gentil, digna, inteligente
Mulher água, mulher vinho
Mãe, águia que protege seu ninho
Viciei antes de te conhecer...
É doido ou de Deus, vai saber
Bancas a paparazzi e, com calma
Fotografa pedaços da minha alma
Com desculpas não se constrói uma amizade
É com olhos do coração, olhos da maturidade
Admiro-me da tua capacidade da admirar-se da vida
Surpreendo-me com tua capacidade de ser surpreendida
Com tua vontade de desbravar, de sonhar, de sentir
Vontade de nunca mais parar de descobrir
Vontade de não parar de escrever
Não demora e eu vou sonhar com você...
Você é real? Será que você verdadeiramente existe?
Ou será apenas um sonho em noite chuvosa e triste?
Escrever olhando o teu sorriso encantador
É se entregar ao frio, sentindo calor
É se jogar com flores no alheio coração
É saber que amar nunca será em vão.



Raimundo Freire





quinta-feira, outubro 03, 2013

Poesia/Prosa: Talento Que Decifrei



Que talentos oculto esconde
Além dos que já decifrei?
Beijos doces, gosto de quero mais
Abraços fortes, carregados de sentimentos nobres
Dos risos largos, alegria constante
Música suave que sai de sua boca
Que alimenta os ouvidos
Há mais talentos, além do dom de escrever
Dons dados por Deus
Dons que perfumam palavras
Palavras de alma feminina
Versos que renovam a alma de quem lê
Modesto homem, grande coração
Gestos nobres, ainda manda flores
Flores que perfumam meu jardim
O que queres de mim
Divide comigo teu dom
Me beija com teu batom
Me preenche até o fim.


Mizraim Andrade

quarta-feira, outubro 02, 2013

Poemas São Pássaros





Os poemas são pássaros
que chegam não se sabe de onde
e pousam no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso, nem porto;
alimentam-se um instante em cada
par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...



Mário Quintana

segunda-feira, setembro 30, 2013

Poesia: Musa Sem Poeta, Poeta Sem Musa



A musa inspira o poeta
Que faz poesia, produto da imaginação
O que não se sabe, nem porque razão
Se é o poeta que faz poesia sem perceber
Ou se a poesia é quem faz o poeta acontecer.

Seria a poesia a tentativa do poeta ser belo?
Seria a beleza a tentativa da musa ser poeta?
Aquela que sua beleza irradia
Que dá frescor à luz do dia
Aquele que inspirado escreve
Para que sua musa se enleve.

E nessa dicotomia entre beleza e poesia
Nesse encontro de almas em sintonia
Ele transforma em versos o seu amor
Ela se entrega sem medos, com todo ardor
Ele a coloca no pedestal que merece
Ela com beijos o enlouquece.

Todavia, há musa sem poeta
Que é bela pelo orgulho de ser bela
Sua beleza é triste, abjeta
Alegria enclausurada numa cela
Pobre musa sem poeta
Tua beleza é maquiada, analfabeta.

Todavia, há poeta sem musa
Que escreve pelo orgulho de escrever
Sua poesia é triste, confusa
São lágrimas ao anoitecer
São gemidos que antes não tinha
É um pobre rei sem rainha.


Raimundo Freire.







segunda-feira, setembro 16, 2013

Soneto do Amor Total



Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.

Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.



Vinícius de Moraes

terça-feira, setembro 10, 2013

Correções



"Se suportais a correção, Deus vos
trata como a filhos; pois que filho
há a quem o pai não corrija?"
- Paulo. (Hebreus, 12:7)


Bem aventurado o espírito que compreende a correção do Senhor e aceita-a sem relutar. Raras, todavia, são as criaturas que conseguem entendê-la e suportá-la. Raras, todavia, são as criaturas que conseguem entendê-la e suportá-la.

Por vezes, a repreensão generosa do Alto - símbolo de desvelado amor - atinge o campo do homem, traduzindo a advertência sagrada e silenciosa, mas, na maioria das ocasiões, a mente encarnada repele o aguilhão salvador, mergulha dentro da noite da rebeldia, elimina possibilidades preciosas e qualifica de infortúnio insuportável a influência renovadora, destinada a clarear-lhe o escuro e triste caminho.

Muita gente, em face do fenômeno regenerativo, apela para a fuga espetacular da situação difícil e entrega-se, inerme, ao suicídio lento, abandonando-se à indiferença integral pelo próprio destino.

Quem assim procede não pode ser tratado por filho, porquanto isolou a si mesmo, afastou-se da Providência Divina e ergueu compactas paredes de sombra entre o próprio coração e as Bênção Paternas.

Aqueles que compreendem as correções do Todo-Misericordioso, reajustam-se em círculos de vida nova e promissora.

Vencida a tempestade íntima, revalorizam as oportunidades de aprender, servir e construir e, fundamentados nas amargas experiências de ontem, aplicam as graças da vida superior, com vistas ao amanhã.

Não te esqueças de que o mal não pode oferecer retificações a ninguém. Quando a correção do Senhor alcançar-te o caminho, aceita-a, humildemente, convicto de que constitui verdadeira mensagem do céu.


Emmanuel


terça-feira, setembro 03, 2013

Poesia-Música: Você Me Faz Sentir Renovado




Meu amor
Eu nunca irei encontrar palavras, meu amor
Para te dizer como me sinto, meu amor
Simples palavras não poderiam explicar
Precioso amor
Voce segurou minha vida em suas mãos
Criou tudo o que sou
Ensinou-me a viver novamente

Só você
Veio quando eu precisei de um amigo
Acreditou em mim nos bons e maus momentos
Esta canção é para você
Cheia de gratidão e amor

Deus te abençoe
Você me faz sentir renovado
Por Deus ter me abençoado com você
Você me faz sentir renovado
Eu canto essa música porque você
Me faz sentir renovado

Meu amor
Sempre que eu estava inseguro
Você me levantou e me fez ter certeza
Você me devolveu meu orgulho
Preciosa amiga
Com você eu sempre terei um amiga
Você é alguém que eu posso contar
Para trilhar em um caminho que por vezes termina

Sem você
A vida não tem significado ou rima
Como notas para uma música fora de tempo
Como posso retribuir
Você por ter fé em mim.



Simply Red (You Make Me Feel Brand New)

http://www.youtube.com/watch?v=PssiJ9ywc0g

quarta-feira, agosto 28, 2013

Crônica: Sou lembrado, Logo: Existo!



Incrível a incalculável e mais que humana capacidade de ficar magoado quando se é esquecido, ou em termos mais eufemísticos, quando não se é lembrado. Um convite para um festa, para uma feijoada, aquela pelada do fim de semana,um passeio, uma reunião, não importa o evento em si, o que realmente importa é que o ser humano precisa sentir que é lembrado.

É uma necessidade psicológica nossa, todos precisamos de atenção, precisamos ser reconhecidos, precisamos nos sentir aceitos. O animal social precisa sentir que faz parte do bando...

No meu ambiente de trabalho pude perceber, em uma mesma semana, a mesma situação, e duas reações diametralmente opostas, dois policiais: um profundamente magoado porque "não foi lembrado" no seu dia de aniversário, estava ali, todo jururu pelos cantos se sentindo excluído, ovelha desgarrada, reclamando pelos cantos, fazendo questão de reverberar sua reclamação: "esqueceram de mim".

O outro, por sua vez, emocionado, feliz, motivado, era só sorrisos, dizia da sua satisfação em trabalhar naquele local, elogiava seus chefes, exaltava seus subordinados, motivo? No dia do seu aniversário, embora sem festa, foi chamado a sala da chefia e, na presença de todos, ouviu palavras alusivas a seu natalício, em uma cerimônia simples, porém, emocionante, que o levou às lágrimas.

O não ser lembrado corresponde a um não existir, o não fazer parte de um grupo, de uma equipe. A partir do momento em que você não é lembrado você passa a ser "invisível", É como ninguém se importasse com tuas dores, com teus dissabores, com tua vida. Daí vem a reclamação: Ei! eu existo, eu estou aqui, você precisa reconhecer que eu existo, fale comigo, me cumprimente, não passe por mim como se eu não existisse.

Sabe qual o segredo do sucesso das redes sociais? Isso mesmo que você está pensando: lá as pessoas são lembradas, lá as pessoas se dão a conhecer, mostram o que são, e na maioria das vezes o que não são. Embora seja virtual, mas as pessoas são reconhecidas, são aceitas, elas dão seu recado pro mundo: Eu existo! É nas redes sociais que as pessoas, mesmo as mais solitárias, sentem que fazem parte de algo, é ali que ela são "curtidas"e  "compartilhadas".

O ato de "curtir" ou "retwitar" ou "compartilhar" um postagem de alguém é uma ato simbólico de reconhecimento: eu concordo com você, eu me lembrei de você, você existe para mim. Lembro de um namorico que tive com uma moça muito jovem que me reclamava muito magoada: eu coloquei tal coisa na rede social, há mais de uma hora e você não curtiu... Foi bem ali que eu cheguei a conclusão que tava na hora de compartilhar meu corpo gordinho com outra mulher, menos insegura, menos necessitada de aceitação.

Lembro-me, ainda, que uma vez compartilhei um "bandeco" com um menino de rua, desses que pedem dinheiro nos semáforos e ele me confessava que o que mas lhe doía não eram as pessoas que não davam trocados, o que mais doía eram as pessoas que ele cumprimentava, pedia umas moedas e as pessoas não o cumprimentavam de volta, passavam por ele "como se ele não existisse"... é o que os psicólogos chamam de "invisibilidade social".

Já parou pra pensar que o problema talvez esteja em você, em seu comportamento? Quantas pessoas você deu bom dia hoje? Você já lembrou de Deus hoje? Falou com Ele? Há quantos amigos você ligou hoje felicitando-o pelo aniversário? Já deu um abraço hoje no seu subordinado? Já deu cumprimentou seu chefe hoje? Beijou sua mulher antes de sair de casa? Já "curtiu" algum post hoje? 

Plante, semeie, distribua, dê antes aquilo que você espera receber. Pois cada um de nós recebe, exatamente, aquilo que dá. Seja você aquele que tem a nobre iniciativa de lembrar de alguém, e, assim procedendo, não serás esquecido.

Sou lembrado, logo: existo!



Raimundo Freire

terça-feira, agosto 27, 2013

Poesia-Prosa: Mulher Que Ama Ler Poemas



Mulher que ama ler poemas
Mulher que ler poemas quando ama
Mulher especial, poucos a (re)conhecem
Mas é preciso, também, ser especial
Ser íntegro, homem com agá
Pra vislumbrar esse raro cristal
Essa bela guerreira do Axixá.

Mulher que beija a boca de Quintana
Que ao escolher um poeta não se engana
Que se envolve nos braços de Pessoa
E com asas dos poetas ela voa
Que passeia no jardim de Florbela Espanca
Com aquela sangria de ler que nunca estanca
Mulher assim, ainda existe na terra
Fã do Gregório de Matos Guerra.

Amiga jogo aos teus pés
 Este poema feito com gosto
Arremesso em tua face, 
Versos que te beijam o rosto
Mulher que lendo se delicia
Que consome, respira, poesia
Poesia, joias jogadas ao vento
Que cada coração colhe a seu tempo
Coração que chora, que pulsa, que sente
A dor brejeira de um grande amor ausente.



Raimundo Freire

segunda-feira, agosto 26, 2013

Versos (A Mensageira Das Violetas)




Versos! Versos! Sei lá o que são versos...
Pedaços de sorriso, branca espuma
Gargalhadas de luz, cantos dispersos
Ou pétalas que caem uma a uma...

Versos!... Sei lá! Um verso é o teu olhar,
Um verso é o teu sorriso e os de Dante
Eram o teu amor a soluçar
Aos pés da sua estremecida amante!

Meus versos!... Sei eu lá também que são...
Sei lá! Sei lá!... Meu pobre coração
Partido em mil pedaços são talvez...

Versos! Versos! Sei lá o que são versos...
Meus soluços de dor que andam dispersos
Por este grande amor em que não crês...


Florbela Espanca



Foto: Revista Cult

quinta-feira, agosto 22, 2013

Poesia-Prosa: Eu Vi Uma Flor Beijando Uma Flor



Olha que louco, dirão
Eu vi uma flor beijando uma flor
E não foi fruto da Imaginação
Naquela cidade que exala beleza
Terra de Alencar, de Iracema
Na capital cearense, Fortaleza
Eu vi uma flor beijando uma flor...

Ao lado dos verdes mares
Na areia, no céus, nos bares
Não saberia dizer qual mais bela
Se a flor que se deixava beijar
Ou a flor que beijava a ela

Com delicadeza, de olhos fechados
Sorrindo em todo seu esplendor
Naquele jardim dos namorados
Com aquela boca que me conquistou
Eu vi uma flor beijar uma flor...

Era uma mulher que beijava a flor
Era uma flor que beijava a mulher
E eu jardineiro de palavras, fonemas
Quis aquela flor nos meus poemas

Peguei aquela flor pela mão
A mulher que beijava a flor?
Cultivei-a no meu coração
Meu sempre eterno amor
Inspiracao que um poema rabisca
Essa flor pra mim tinha nome
E se chamava Larissa.


Raimundo Freire

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Esteja Com Alguém Assim

Que acredite nos teus sonhos e projetos, Quem não acredita nos teus sonhos, Não é digno de subir a bordo deles... Que já esteja de malas pro...

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