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quinta-feira, novembro 29, 2012
Poesia: Soneto XCIX
À ousada violeta, eu disse: Onde roubaste,
Suave ladra, essa cor que a face te purpura,
Senão do meu amor nas veias? Onde achaste,
Senão no hálito dele, essa fragância pura?
A manjerona e o lírio acusei de roubado
Terem-te, um, o cabelo, e o outro, a mão venusta.
Das belas rosas que entre espinhos pôs o fado,
Uma cora de pejo, alveja outra, que assusta.
Branco-vermelha, eis, inda, outra rosa que tinha
De ti o hálito e a cor, e andava isso alardeando.
Veio um pulgão, porém, e o orgulho de rainha
Vingativo lhe esfez, a vida lhe tirando.
Mais flores observei, mas todas, em verdade
Roubaram a tua graça e a tua suavidade.
William Shakespeare
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