Heróis Rubro-Negros

Heróis?

Sim, heróis.

Por definição, o herói é uma figura arquetípica, mitológica. Um semideus que possui os atributos necessários para superar, de forma extraordinária, problemas de dimensões épicas.

Esses jovens ainda não tinham realizado feitos extraordinários, não eram um Galinho Zico, um Fio Maravilha, um mestre Dida, um Maestro Júnior.

Mas, já carregavam sobre os ombros a responsabilidade de uma família inteira... Aos 15 anos, um já pagava o aluguel da mãe, outro fazia a mercearia do pai, um outro sonhava comprar uma casa para a avó.

Heróis sim, toda família brasileira tem pelo menos um. Morreram lutando por dias melhores, eram crianças com responsabilidade hercúleas.

Longe da família, construindo eu futuro, lutando por seus sonhos, querendo ser alguém na vida, tiveram seus corpos queimados, até os heróis morrem...

Mas, o fogo, mesmo que seja um fogo rubro-negro, não consegue matar os sonhos, porque os sonhos não morrem jamais...

Raimundo Salgado Freire Júnior

 

Poesia Nordestina: Pedras que Cantam

Quem é rico mora na praia

Mas quem trabalha não tem onde morar

Quem não chora dorme com fome

Mas quem tem nome joga prata no ar

Oh tempo duro no ambiente,

Oh tempo escuro na memória,

O tempo é quente e o dragão é voraz

Vamos embora de repente,

Vamos embora sem demora

Vamos pra frente

Que pra trás não dá mais

Pra ser feliz num lugar

Pra sorrir e cantar

Tanta coisa a gente inventa,

Mas no dia que a poesia se arrebenta

É que as pedras vão cantar

José Domingos de Morais (Dominguinhos)

(Garanhuns-PE, 1941 a São Paulo-SP, 2012).