Uma página em branco...
Tanta coisa pra dizer
Esse amor
inconcebível
Vontade de te
preencher
Essa atração
irresistível
Vontade de escrever
Uma página em branco
É um coração triste e
frio
Batendo sem graça,
solitário
É como um ator sem
cenário
Num grande teatro
vazio
Uma página em branco
É como um jardim sem
flor
É como um gramado no
barranco
Uma pracinha sem
banco
Um jardineiro sem
amor
Uma página em branco
É como um braço vazio
Sem outro braço para
abraçar
É como um vento vadio
Sem brasa para
assoprar
Uma página em branco
É como um poeta
sem pena
Sem musa, sem
inspiração
Sem a rima sutil e
plena
Sem lápis, papel e
borrão
Uma página em branco
É como um rio
sem água
Caminho de pedra,
infeliz
sem peixe, sem vida,
só mágoa
Pescador de cicatriz
Uma página em branco
esperando ser escrita
Por
versos inconcebíveis
De uma mão infinita
De um poeta
nordestino
Que escreve, mas
acredita
Em vida, amor, em
destino
Páginas em branco
São como eu, sem você
Uma poesia sem por
quê
Um sorriso
entristecido
Um sol sem calor
Um verso deprimido
Um poeta sem amor.
Raimundo Salgado Freire Júnior