sexta-feira, outubro 18, 2013

Poema: Canção



Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar
Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.
O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio…
Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.
Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.

Cecília Meireles

terça-feira, outubro 15, 2013

Poesia-Música: Esperando Aviões




Meus olhos te viram triste
Olhando pro infinito
Tentando ouvir o som do próprio grito
E o louco que ainda me resta
Só que te levar pra festa
Você me amou de um jeito tão aflito
Que eu queria poder te dizer sem palavras
Eu queria poder te cantar sem canções
Eu queria viver morrendo em tua teia
Seu sangue correndo em minha veia
Seu cheiro morando em meus pulmões
Cada dia que passo sem sua presença
Sou um presidiário cumprindo sentença
Sou um velho diário perdido na areia
Esperando que você me leia
Sou pista vazia esperando aviões
Sou o lamento no canto da sereia
Esperando o naufrágio das embarcações.


Vander Lee

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sexta-feira, outubro 11, 2013

Crônica: Quem Ama, Aduba, Rega e Poda



Já dizia o ditado popular que a ingratidão tira a afeição. Não a ingratidão do não amar, pois não seria amor, mas a ingratidão que se expressa nas pequenas contrariedades na já conturbada batalha que é o convívio diário entre duas pessoas, debaixo do mesmo teto, naquela velha rotina que vai corroendo os alicerces de um relacionamento a dois.

São pequenas coisas, pequenos gestos não muito bem recebidos que vão se acumulando, acumulando e logo, logo, se não resolvidos, digeridos, conversados, vão desaguar numa torrente de reclamações e acusações mútuas sobre quem deveria fazer o que e quando e de quem é a culpa de a relação ter se desgastado.

Misture a isso o orgulho besta de não querer dar o braço a torcer, mesmo sabendo-se estar com a razão. Então fica cada um na sua trincheira protegendo-se dos dardos de acusação e lançando, por sua vez, os petardos de reclamação na direção da testa do outro e, assim, estabelece-se a guerra, retira-se a paz, entra em campo o desgosto, o arrependimento, os gestos frios, a vontade de não ouvir nem a voz, a vontade de sumir, a vontade de não voltar pra casa.

Sabe o que é aquela vontade de não voltar pra casa? ficar um pouco mais no serviço, só pra não ter que encarar aquele clima hostil? Você trabalha o dia inteiro, chega em casa cansado, stressado, tudo o que você mais queria era ser bem recebido, ter paz e tranquilidade. Se você não tem isso, então se pergunta, voltar pra que? melhor ficar no trabalho, que também é uma guerra, mas pelo menos as combatentes do trabalho não vão pra cama com você, em tese.

Os que, como eu, são privilegiados pela excelente terapia da jardinagem, vão entender muito bem. Não basta conseguir um belo jardim, é preciso cuidá-lo, dedicar-se a ele diariamente. No amor a analogia é inevitável, é necessário adubar a terra do nosso relacionamento com os fertilizantes da atenção e do carinho. É imprescindível regar esse relacionamento com a água cristalina do respeito, da dedicação; É preciso podar as arestas da falta de diálogo, das pequenas indelicadezas que machucam. É importante combater as ervas daninhas da falta de sexo, da falta de ajuda na hora de pagar as contas; É preciso acima de tudo saber ouvir o outro, ficar em silêncio quando sentir vontade e respeitar o silêncio do outro. Uma boa parte das verdades não são ditas, estão escritas no olho de quem está calado.

Já dizia o poeta, cuide bem do seu amor, seja quem for. Porque se você não cuidar desse jardim que é o seu relacionamento, as flores vão murchar, os (as) parasitas vão se aproximar, a grama vai secar e logo, logo você não mais achará graça naquele jardim outrora tão florido.

Quem ama, aduba rega e poda... ou começa a plantar outro jardim!


Raimundo Freire.




segunda-feira, outubro 07, 2013

Poesia-Prosa: Por Um Átimo de Tempo


  • Por um átimo, sonhei que estavas aqui, em mim
    Transitando nos saberes dos meus quereres
    Entrando e saindo elegantemente nos meus espaços
    Inundando minhas taças, saciando minha sede de ti
    Entranhando minha pele com as nuances do teu cheiro
    Medindo minha pressão com tua mão vibrante
    Por um átimo, tornas-te eterna 
    Quanto eterno é o beijo que me destes
    Beijo que escorreu pelo meu corpo
    Como onda gostosa que beija a sedenta areia da praia
    Como dias que são segundos no relógio dos enamorados
    Que se vão e passeiam pelas veredas da eternidade
    Como plumas ao vento quando estou com você
    Minutos que embalam o tic-tac do meu coração
    Que se exaurem, que correm, que fogem
    Fogem como foge minha respiração ao te ver
    Minutos amadureçam,transformem-se em séculos
    Posto que estou ao lado de ti, minha inspiração
    E nessa contagem incontida do incontável tempo
    Não passa o tempo de querer você
    Sem atraso, mas sem pressa
    Flor da minha juventude que eu guardei pra você
    No jardim das minhas ilusões
    Todas as flores que plantei nasceram por ti
    E por um átimo de eternidade serás minha, serei teu
    Por um átimo de tempo, aqui dentro
    Esse amor aconteceu.



    Raimundo Freire

sexta-feira, outubro 04, 2013

Poesia-Prosa: Paparazzi da Minha Alma



Já tivestes o privilégio de ser encontrado
Quando buscavam Cora Coralina?
Já agradeceu mil vezes, emocionado
Ao Google por esta doce sina?
Mulher que aprendeu a ser forte
Até parece que é aqui do norte
Mulher que enfrenta os problemas de frente
Mulher nobre, gentil, digna, inteligente
Mulher água, mulher vinho
Mãe, águia que protege seu ninho
Viciei antes de te conhecer...
É doido ou de Deus, vai saber
Bancas a paparazzi e, com calma
Fotografa pedaços da minha alma
Com desculpas não se constrói uma amizade
É com olhos do coração, olhos da maturidade
Admiro-me da tua capacidade da admirar-se da vida
Surpreendo-me com tua capacidade de ser surpreendida
Com tua vontade de desbravar, de sonhar, de sentir
Vontade de nunca mais parar de descobrir
Vontade de não parar de escrever
Não demora e eu vou sonhar com você...
Você é real? Será que você verdadeiramente existe?
Ou será apenas um sonho em noite chuvosa e triste?
Escrever olhando o teu sorriso encantador
É se entregar ao frio, sentindo calor
É se jogar com flores no alheio coração
É saber que amar nunca será em vão.



Raimundo Freire





quinta-feira, outubro 03, 2013

Poesia/Prosa: Talento Que Decifrei



Que talentos oculto esconde
Além dos que já decifrei?
Beijos doces, gosto de quero mais
Abraços fortes, carregados de sentimentos nobres
Dos risos largos, alegria constante
Música suave que sai de sua boca
Que alimenta os ouvidos
Há mais talentos, além do dom de escrever
Dons dados por Deus
Dons que perfumam palavras
Palavras de alma feminina
Versos que renovam a alma de quem lê
Modesto homem, grande coração
Gestos nobres, ainda manda flores
Flores que perfumam meu jardim
O que queres de mim
Divide comigo teu dom
Me beija com teu batom
Me preenche até o fim.


Mizraim Andrade

quarta-feira, outubro 02, 2013

Poemas São Pássaros





Os poemas são pássaros
que chegam não se sabe de onde
e pousam no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso, nem porto;
alimentam-se um instante em cada
par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...



Mário Quintana

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